Hermenegildo Filho

 

Eu venho das dunas brancas
Onde eu queria ficar
Deitando os olhos cansados
Por onde a vida alcançar

Meu céu é pleno de paz
Sem chaminés ou fumaça
No peito enganos mil
Na Terra é pleno abril

Eu tenho a mão que aperreia, 
eu tenho o sol e areia
Eu sou da América, sul da América, 

South America
Eu sou a nata do lixo, 

eu sou o luxo da aldeia, 
eu sou do Ceará

Aldeia, Aldeota, 

estou batendo na porta prá lhe aperriá
Prá lhe aperriá, prá lhe aperriá
Eu sou a nata do lixo, 

eu sou o luxo da aldeia, 
eu sou do Ceará
A Praia do Futuro, 

o farol velho e o novo são os olhos do mar
São os olhos do mar, são os olhos do mar
O velho que apagado, o novo que espantado, 

vento a vida espalhou
Luzindo na madrugada, braços, corpos suados, 

na praia falando amor.