Fábula Ferida

Augusto Jatobá

Saquarema, siriema
Levantando o dilema
Ave-pássaro-cidade
Construindo problemas
Riso que me invade
De feliz sinto pena
Minha fábula ferida foi
Pelas feras na arena
Minha vaidade
Fora deste sistema
Só lá floram
Lírios doutro poema
E eu só de saudade e sede
Aqui pela cidade
Corro pelos quatro cantos
Canto felicidade
Tarde que me arde
Traga noite serena
Quando a madrugada tarda
Vem revogar nossas penas
Só uma verdade
Ameniza esse drama
Cora a cara quando a cura é divina
Abro a boca pelo mundo
Quero água
Saciar minha sede
Tenho mágoa
Peixe não fica na rede
Que rebenta
Tempo não tem mais idade
Resta um resto de esperança
Se desprendeu do ar
Rosto antigo de criança
Novamente que virá

Para Dani

Frutos de Plástico

Augusto Jatobá

Mesmo estando sobre a mesa
Não são as mesmas que eu quero comê-las
Tão perfeita semelhança
Mas são apenas as frutas de cera

Maçãs pintadas de vermelho
Qual verdadeiras diante do espelho
A fome traz os meus apelos
De querer tê-las poder desfrutá-las

Talos que parecem feitos pelo processo da natureza
Folhas, flores que enganam até abelha tenho certeza
Quanto mais a mim um homem
Que traz a fome como despesa
Vou pedir pra esse aparato lhe fazer um falso fonte de emoção
Prato cheio para o papo do papa defunto do bicho papão
Lembra que o ser humano além da barriga tem o coração

Para Dani