Cadernos de Música

A idéia principal do "Cadernos de Música", é a de um blog onde se pode ouvir a música e cantar acompanhando a letra. Aqui, colocarei tudo o que sempre gostei de ouvir e cantar da MPB e Música Latina


Patinhas / Capenga


À noite e a cidade parece que some
Perdida no sono dos sonhos dos homens
Que vão construindo com fibras de vidro
Com canções de infância, com tempo perdido
Um grande cartaz um painel de aviso
Um sinal de amor e de perigo
Um sinal de amor e de perigo
Há tempo em que a terra parece que some
Em meio a alegria e tristeza dos homens
Que olham pros campos pros mares cidades
Pras noites vazias, pra felicidade
Com o mesmo olhar de quem grita no escuro
O melhor foi feito no futuro
O melhor foi feito no futuro
Enquanto o amor for pecado eo trabalho um fardo
Pesado passado presente mal dado
As flores feridas se curam no orvalho
Mas os homens sedentos não encontram regato
Que banhe seu corpo e lave sua alma
O desejo é forte mas não salva
O desejo é forte mas não salva
Enquanto a tristeza esmagar o peito da terra
E a saudade afastar as pessoas partindo pra guerra
Nós vamos perdendo um tempo profundo
A força da vida o destino do mundo
O segredo que o rio entrega pra serra
Haverá um homem no céu e deuses na terra
Haverá um homem no céu e deuses na terra
Haverá um homem no céu e deuses na terra

Taiguara


Um dia Marcela se achou e se deu
Seu corpo sem vida, me amou e foi meu
Das dores vencidas nasceu a mulher
Que sabe porque, que se abre e se vê
E hoje me faz viver
E hoje me faz saber
Que os homens, por pressa, por medo de amar
Passaram por ela sem nada encontrar
Levaram consigo o engano de quem não viu
Nem sabe do que fugiu
Da estrada, da estrela
Ficaram comigo seus medos se dando aos meus
No berço onde renasceu Marcela.


Flávio Venturini / Juca Filho



Flores simples enfeitando
A mesa do café
Lindas e pequenas, arco-íris num buquê
Mistério azul de luz
E Vênus brilha temporã
Mistura em nós um só destino
Estrela da manhã
Como num romance
Um Deus risonho aqui passou
Derramando cachoeiras
Pela serra em flor
Viver no coração da lenda
É fácil, meu amor
Um sonho novo todo dia
Que ninguém sonhou
Oh... oh...
Canção de amor
Cintilando na janela aberta pra luar
Luzes da cidade refletidas num olhar
Constelações entre as antenas brincam de brilhar
Estrelas novas no horizonte
Vêm nos visitar
Como num romance um Deus risonho aqui passou
Numa nave cor da noite que ninguém notou
No coração da fantasia é fácil entender
Um sonho novo todo dia
Lindo de viver
Oh... oh...
Eu e você

 

Robertinho de Recife/Herman Torres/Fausto Nilo


Dorme bandoleiro
Dorme punhal, coração
Ponta de sal na raiz dos gemidos
Arma branca das trevas
Invejará o ardor
Do teu aço na flor
Que esconde a beleza em profundas crateras.
Sangue na prata da lua
Fere a paixão no capim
Mancha o leito carmim
Clarão, violão
Mesmo sol de granada.
Acordarás com meu grito
Rasga o silêncio do amor
Mancha o leito de dor
Punhal, coração
Amanhece a campina.

Zeca Baleiro

 

Divinha o que primeiro
Vem amor ou vem dindim
Dindinha, dê dinheiro
Carinho e calor pra mim

Minha casa não tem porta
Minha horta não tem fruta
Quem me trata é moura torta
Lingua morta quem te escuta
Meu tesouro é uma viola
Que a felicidade oculta
Se a vida não dá receita
Eu não vou pagar a consulta

Sob o céu azul me deito
Me deleito, me desnudo
Coração dentro do peito
Não foi feito pra ter tudo
A mentira é uma princesa
Cuja beleza não gasta
E a verdade vive presa
No espelho da madrasta

Eu nasci remediado
Criado solto no mundo
Se viver fosse reisado
Se eu me chamasse raimundo
Andorinha no inverno
beijo terno alma boa
Escrevi no meu caderno
não passei a vida à-toa
 
Para Maria Cecília

 

Paulo Diniz/Odibar

 

I don't want to stay here
I wanna to go back to Bahia

Eu tenho andado tão só
Quem me olha nem me vê
Silêncio em meu violão
Nem eu mesmo sei por que.
De repente ficou frio
Eu não vim aqui para ser feliz
Cadê o meu sol dourado?
Cadê as coisas do meu país?

I don't want to stay here
I wanna to go back to Bahia.

Eu tenho andado tão só
Quem me olha nem me vê
Silêncio em meu violão
Nem eu mesmo sei por que.
Via Intelsat eu mando
Notícias minhas para "O Pasquim"
Beijos pra minha amada
Que tem saudades e pensa em mim
I don't want to stay here
I wanna to go back to Bahia.

 

Geraldo Azevedo/Alceu Valença

(da trilogia Correnteza - I parte)


"La paz, el amor, la verdad 
Presente amanhã, coração 
A paz, o amor, a verdade 
Presente Mañana, corazón" 

Corra  não pare, não pense demais 
Repare essas velas no cais 
Que a vida cigana 
É caravana 
É pedra de gelo ao sol 
Degelou teus olhos tão sós 
Num mar de água clara 

 

Alceu Valença/Geraldo Azevedo 
(da trilogia Correnteza - II parte )


Diana, 
Me dê um Talismã 
Viajar, 
Você já pensou em mais eu 
Viajar 
Quando o sol 
Desmaiar 
Ah, vou viajar 

Olha essa sombra 
Esse rastro de mim 
Olha essa sobra 
Essa réstia de sol 
Que da poeira tossiu 
Que da poeira... 

Ah, Diana nem ligou 


Geraldo Azevedo/Carlos Fernando
(da trilogia Correnteza - III parte)
 

É a luz do sol que encandeia 
Sereia de além mar 
Clara como o clarão do dia 
Marejou o meu olhar 
Olho d'água beira de rio 
Vento vela a bailar 
Barcarola do São Francisco 
Me leve para amar 
Eu sonho um beija-flor 
Rasgando tardes vou buscar 
Em outro céu 
Noite longe 
Noite longe que ficou em mim 
Quero lembrar 
Era um domingo de lua 
Quando deixei Jatobá 
Era quem sabe esperança 
Indo a outro lugar 
Barcarola do São Francisco 
Veleja agora no mar 
Sem leme mapa ou tesouro 
De prata o luar 


Hely Rodrigues / Tavinho Moura 



No caminho achar o que faz
A força de querer bem
Do céu, do mar, a luz, a cor
Seu coração
Toda fruta, cada flor
Para cheirar, sentir sabor
De cada beijo seu
É tanto querer bem
Pedaços da manhã
Imagens que vão ficar
Verde lugar
Paisagem desse caminhar
Da noite não temer
O fraco tom do luar
Amarela luz
Da cor do lampião de gás

Lupicínio Rodrigues

 

Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
Ter loucura por uma mulher
E depois encontrar esse amor, meu senhor
Nos braços de um outro qualquer
Você sabe o que é ter um amor, meu senhor
E por ele quase morrer
E depois encontrá-lo em um braço
Que nem um pedaço do seu pode ser
Há pessoas de nervos de aço
Sem sangue nas veias e sem coração
Mas não sei se passando o que eu passo
Talvez não lhe venha qualquer reação
Eu não sei se o que trago no peito
É ciúme, despeito, amizade ou horror
Eu só sei que quando a vejo
Me dá um desejo de morte ou de dor


Flávio Venturini / Sá
 
 



Só se for um sinal de amor
Só se for folha, fruta e flor
Coisa completa
Coisa bom certa
Na medida e sem favor, maravilha
Uma viagem
Pela paisagem que você me deixou
Nada de chorar
Outro dia
Seja benvinda nossa hora
De viver feliz
Há de chegar aqui e agora
Tudo o que a gente quis
Ô,ô
Hora de ser feliz
Só se for
Hora de ser feliz

Martinho da Vila

 

Felicidade!
Passei no vestibular
Mas a faculdade
É particular
Particular!
Ela é particular
Particular!
Ela é particular...

Livros tão caros
Tanta taxa prá pagar
Meu dinheiro muito raro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar
O meu dinheiro
Alguém teve que emprestar...

Morei no subúrbio
Andei de trem atrasado
Do trabalho ia prá aula
Sem jantar e bem cansado
Mas lá em casa
À meia-noite
Tinha sempre a me esperar
Um punhado de problemas
E criança prá criar...

Para criar!
Só criança prá criar
Para criar!
Só criança prá criar...

Mas felizmente
Eu consegui me formar
Mas da minha formatura
Não cheguei participar
Faltou dinheiro prá beca
E também pro meu anel
Nem o diretor careca
Entregou o meu papel...

O meu papel!
Meu canudo de papel
O meu papel!
Meu canudo de papel...

E depois de tantos anos
Só decepções, desenganos
Dizem que sou um burguês
Muito privilegiado
Mas burgueses são vocês
Eu não passo
De um pobre coitado
E quem quiser ser como eu
Vai ter é que penar um bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado
Um bom bocado!
Vai penar um bom bocado...

 

Zeca Bahia/Gincko

 

Se um veleiro
Repousasse
Na palma da minha mão
Sopraria com sentimento
E deixaria seguir sempre
Rumo ao meu coração...


Meu coração
A calma de um mar
Que guarda tamanhos segredos
Diversos naufragados
E sem tempo...


Rimas, de ventos e velas
Vida que vem e que vai
A solidão que fica e entra
Me arremessando
Contra o cais...


Se um veleiro
Repousasse
Na palma da minha mão
Sopraria com sentimento
E deixaria seguir sempre
Rumo ao meu coração...


Meu coração
A calma de um mar
Que guarda tamanhos segredos
Diversos naufragados
E sem tempo...


Rimas, de ventos e velas
Vida que vem e que vai
A solidão que fica e entra
Me arremessando
Contra o cais...

A solidão que fica e entra
Me arremessando
Contra o cais...

 

Jorge Mautner/Zé Ramalho

 

Nem toda nota é um tom
Nem toda luz é acesa
Nem todo o belo é beleza
Nem toda pele é vison
Nem toda bomba é bombom
Nem todo gato é do mato
Nem todo quieto é pacato
Nem todo o mal é varrido
Nem todo preso é comido
Nem todo queijo é do rato

Nem toda a estrada é caminho
Nem todo o trilho é do trem
Nem todo longe é além
Nem toda ponta é espinho
Nem todo beijo é carinho
Nem todo talho é um corte
Nem toda estrela é do norte
Nem todo o ruim é do mal
Nem todo ponto é o final
Nem todo fim é a morte

Nem todo o rei é bondoso
Nem todo rico é feliz
Nem todo chão é um país
Nem todo sangue é honroso
Nem todo grande é famoso
Nem todo sonho é visão
Nem todo pique é passão
Nem todo o mundo é planeta
Nem toda pena é caneta
Nem todo certo é razão
Nem toda pena é caneta
Nem todo certo é razão

 

Dominguinhos, Ednardo e Climério

 

Se eu pudesse pensar em ti
Sem vontade de querer chorar
Sem pensar em querer morrer
Nem pensar em querer voltar
Essa dor que eu sinto agora
É uma dor que não tem nome
Que o meu peito devora e come
E fere e maltrata, sem matar

No roçado do meu coração
Há um tempo de plantar saudade
Há um tempo de colher lembrança
Pra depois com o tempo chorar

Ô Flora, meu sertão florindo
Aflora o meu peito só
Teu amor é um fogo, é um fogo
É um fogo, é um fogo
Dos teus olhos tição

Carlos Colla/Gilson

 

Era só isso
Que eu queria da vida
Uma cerveja
Uma ilusão atrevida
Que me dissesse
Uma verdade chinesa
Com uma intenção
De um beijo doce na boca...

A tarde cai
Noite levanta a magia
Quem sabe a gente
Vai se ver outro dia
Quem sabe o sonho
Vai ficar na conversa
Quem sabe até a vida
Pague essa promessa...

Muita coisa a gente faz
Seguindo o caminho
Que o mundo traçou
Seguindo a cartilha
Que alguém ensinou
Seguindo a receita
Da vida normal...

Mas o que é
Vida afinal?
Será que é fazer
O que o mestre mandou?
É comer o pão
Que o diabo amassou?
Perdendo da vida
O que tem de melhor...

Senta, se acomoda
À vontade, tá em casa
Toma um copo, dá um tempo
Que a tristeza vai passar
Deixa, prá amanhã
Tem muito tempo
O que vale
É o sentimento
E o amor que a gente
Tem no coração...

Luiz Melodia


Eu, vou fazer amor,
Um ninho
Com amor, muito carinho
Pra você se abrigar
Eu vou lhe dar
Amor tão puro
Que maior amor eu juro
Você não vai encontrar
E entre nuvens de beijos
Seus desejos serão meus
Amor, vou lhe dar e é tão sincero
Que você amor espero
Não vai querer me deixar
E quando no fim da estrada
Minha amada
O inverno tristonho chegar
Mais amor eu vou ter pra lhe dar
Faça dos meus braços o seu ninho
Tenho amor muito carinho
E estou a lhe ofertar.

 Alceu Valença


Andei pisando pelas ruas do passado
Criando calo no meu pé caminhador
Dançando um xote,
Tropecei com harmonia
Na melodia de "Pisa na Fulô"
Andei passando como as águas como o vento
Como todo sofrimento que enfim me calejou
terei futuro deslizando no presente
Como o cabelo no pente que penteia meu amor

Viagem

 

João de Aquino/Paulo Cesar Pinheiro

 

Oh tristeza, me desculpe
Estou de malas prontas
Hoje a poesia veio ao meu encontro
Já raiou o dia, vamos viajar
Vamos indo de carona
Na garupa leve do vento macio
Que vem caminhando
Desde muito longe, lá do fim do mar
Vamos visitar a estrela da manhã raiada
Que pensei perdida pela madrugada
Mas que vai escondida
Querendo brincar
Senta nesta nuvem clara
Minha poesia, anda, se prepara
Traz uma cantiga
Vamos espalhando música no ar

Olha quantas aves brancas
Minha poesia, dançam nossa valsa
Pelo céu que um dia
Fez todo bordado de raios de sol
Oh poesia, me ajude
Vou colher avencas, lírios, rosas dálias
Pelos campos verdes
Que você batiza de jardins-do-céu
Mas pode ficar tranqüila, minha poesia
Pois nós voltaremos numa estrela-guia
Num clarão de lua quando serenar
Ou talvez até, quem sabe
Nós só voltaremos no cavalo baio
O alazão da noite
Cujo o nome é raio, raio de luar


Para Marta Gaino

 

Milton Nascimento/Fernando Brant

  

Coração americano
Acordei de um sonho estranho
Um gosto, vidro e corte
Um sabor de chocolate
No corpo e na cidade
Um sabor de vida e morte
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
A espera na fila imensa
E o corpo negro se esqueceu
Estava em San Vicente
A cidade e suas luzes
Estava em San Vicente
As mulheres e os homens
Coração americano
Um sabor de vidro e corte
As horas não se contavam
E o que era negro anoiteceu
Enquanto se esperava
Eu estava em San Vicente
Enquanto acontecia
Eu estava em San Vicente
Coração americano
Um sabor de vidro e corte

Caetano Veloso

 

Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
É que quando eu cheguei por aqui eu nada entendi
Da dura poesia concreta de tuas esquinas
Da deselegância discreta de tuas meninas
Ainda não havia para mim Rita Lee
A tua mais completa tradução
Alguma coisa acontece no meu coração
Que só quando cruza a Ipiranga e a avenida São João
Quando eu te encarei frente a frente não vi o meu rosto
Chamei de mau gosto o que vi, de mau gosto, mau gosto
É que Narciso acha feio o que não é espelho
E à mente apavora o que ainda não é mesmo velho
Nada do que não era antes quando não somos mutantes
E foste um difícil começo
Afasto o que não conheço
E quem vende outro sonho feliz de cidade
Aprende depressa a chamar-te de realidade
Porque és o avesso do avesso do avesso do avesso
Do povo oprimido nas filas, nas vilas, favelas
Da força da grana que ergue e destrói coisas belas
Da feia fumaça que sobe, apagando as estrelas
Eu vejo surgir teus poetas de campos, espaços
Tuas oficinas de florestas, teus deuses da chuva
Pan-Américas de Áfricas utópicas, túmulo do samba
Mais possível novo quilombo de Zumbi
E os novos baianos passeiam na tua garoa
E novos baianos te podem curtir numa boa

 

Pablo Milanés/Chico Buarque


Esta canção n
ão é mais que mais uma canção
Quem dera fosse uma declaração de amor
Romântica, sem procurar a justa forma
Do que lhe vem de forma assim tão caudalosa
Te amo, te amo,
eternamente te amo

Se me faltares, nem por isso eu morro
Se é pra morrer, quero morrer contigo
Minha solidão se sente acompanhada
Por isso às vezes sei que necessito
Teu colo, teu colo,
eternamente teu colo

Quando te vi, eu bem que estava certo
De que me sentiria descoberto
A minha pele vais despindo aos poucos
Me abres o peito quando me acumulas
De amores, de amores,
eternamente de amores

Se alguma vez me sinto derrotado
Eu abro mão do sol de cada dia
Rezando o credo que tu me ensinaste
Olho teu rosto e digo à ventania
Iolanda, Iolanda, eternamente Iolanda

Chico César



Acho, se você viajar
Talvez eu fique na fossa

talvez ninguém possa me consolar

Acho, se você viajar

talvez eu quebre a louça

E atravesse a Rebouças sem olhar pra lado algum
E eu que tantos fui
Talvez não seja nenhum 
Como agora sou, sou, sou
Amor que não se mede
Amor que não se pede
Não se repete, amor!

Vital Farias


 

Interpretada por Danielle Bomfim - Voz e Violão  
Cantiga de campo
de concentração
a gente bem sente
com precisão
mas recordo a tua imagem
naquela viagem
que eu fiz pro sertão
eu que nasci na floresta
canto e faço festa
no seu coração
Voa, voa, azulão.
Voa, voa, azulão.
Cantiga de roça
de um cego apaixonado
cantiga de moça
lá do cercado
que canta a fauna e a flora
e ninguém ignora
se ela quer brotar
bota uma flor no cabelo
com alegria e zelo
para não secar
Voa, voa no ar
Voa, voa no ar
Cantiga de ninar
a criança na rede
mentira de água
é matar a sêde:
diz pra mãe que eu fui pro açude
fui pescar um peixe
isso eu num fui não
tava era com um namorado
pra alegria e festa
do meu coração
Voa, voa azulão
Voa, voa azulão

Cantiga de índio
que perdeu sua taba
no peito esse incêndio
céu não se apaga
deixe o índio no seu canto
que eu canto um acalanto
faço outra canção
deixe o peixe, deixe o rio
que o rio é um fio de inspiração
Voa, voa azulão

Elomar

 

Interpretada por Danielle Bomfim -Voz e Violão
Lá na Casa dos Carneiros onde os violeiros
vão cantar louvando você
em cantiga de amigo, cantando comigo
somente porque você é
minha amiga mulher
lua nova do céu que já não me quer
Dezessete é minha conta
vem amiga e conta
uma coisa linda pra mim
conta os fios dos seus cabelos
sonhos e anelos
conta-me se o amor não tem fim
madre amiga é ruim
me mentiu jurando amor que não tem fim
Lá na Casa dos Carneiros, sete candeeiros
iluminam a sala de amor
sete violas em clamores, sete cantadores
são sete tiranas de amor, para amiga em flor
qui partiu e até hoje não voltou
Dezessete é minha conta
vem amiga e conta
uma coisa linda pra mim
pois na Casa dos Carneiros, violas e violeiros
só vivem clamando assim
madre amiga é ruim
me mentiu jurando amor que não tem fim
Lá na Casa dos Carneiros, sete candeeiros
iluminam a sala de amor
sete violas em clamores, sete cantadores
são sete tiranas de amor, para amiga em flor
qui partiu e até hoje não voltou
Dezessete é minha conta
vem amiga e conta
uma coisa linda pra mim
conta os fios dos seus cabelos
sonhos e anelos
conta-me se o amor não tem fim
madre amiga é ruim
me mentiu jurando amor que não tem fim




Lô Borges e Márcio Borges



Jogue sua vida na estrada
Como quem não quer nada
Ouço bem as vozes do mato
Como quem abriu o seu coração.
Eu sonhei outro mundo, meu amor
E a paz morava na nossa casa
Mil pessoas como nós
Sem palavras por viver.
Sonhei que era tempo de reencontrar amigos
Falar do velho tempo morto que passou depressa
Sonhei que amanhã é hora de você jogar.
Jogue sua vida na estrada
Como quem não quer fazer nada
Ouço bem as vozes do mato
Como quem abriu o seu coração.



Flávio Venturini / Márcio Borges



A madrugada raiou molhada de primavera
O chão tremeu, trovão (no céu tremeu)
Vai pelo rio rolando a música do meu sonho
Viver, viver, viver

Estelar manhã
Irradiante bem
Ver alguém passar
Colorido ser

Natural saber
Guardar o coração
Na barraca azul
Em delírio calmo (de paixão)

Ir buscar o mel
E acender o sol
Para aprender
A lição do vale do pavão

Estelar manhã
Irradiante bem
Vê alguém passar
A lição do vale do pavão

Ponte de pau
Pedra, curral
Ponta de céu
Pinga da Maromba


 

Geraldo Azevedo/Carlos Fernando
 

Canta canta passarinho 
Canta canta miudinho 
Na palma da minha mão 
Quero ver você voando 
Quero ouvir você cantando 
Quero paz no coração 
Quero ver você voando 
Quero ouvir você cantando 
Na palma da minha mão 

Na palma da minha mão 
Tem os dedos tem as linhas 
Que olhar cigano caminha 
Procurando alcançar 
A nau perdida o trem que chega 
A nova dança 
Mata verde esperança 
Em suas tranças vou voar 
Passarinho eu vou voar 
Meu alegre coração 
É triste como um camelo 
É frágil que nem brinquedo 
É forte como um leão 
É todo zelo  é todo amor 
É desmantelo 
É Querubim é  Cão de Fogo 
É Jesus Cristo é Lampião 
Passarinho eu vou voar 

Caetano Veloso


Existirmos: a que será que se destina?
Pois quando tu me deste a rosa pequenina
Vi que és um homem lindo e que se acaso a sina
Do menino infeliz não se nos ilumina
Tampouco turva-se a lágrima nordestina
Apenas a matéria vida era tão fina
E éramos olharmo-nos intacta retina
A cajuína cristalina em Teresina

Emiliano Brancciari

 

había una vez en un pequeño país
donde alguna gente
se sentía feliz 

un alma chiquitita se quiso escapar,
pero no le daba para cruzar el mar 

y le dijeron vas mal, muy mal, eso no se hace, tenés que pensar 
y pensar...
con hambre no se puede pensar, no se puede
y esperó y esperó y el momento no llegó
con el correr del tiempo estaba cada vez peor
y cedió, tiraron de la cuerda y cedió
y ahora ya no hay vuelta atrás... 

todo vuelve a ir para atrás...
ya no está consciente, atrás... 

y ahora ya no hay vuelta atrás
la realidad le miente 

un alma chiquitita se quiso escapar
pero no le daba para cruzar el mar 

y le dijeron vas mal,
muy muy mal 

eso no se hace, tenés que pensar 
y pensar...
con hambre no se puede pensar 

 no se puede pensar
con hambre no se puede pensar 

no se puede




Flávio Venturini / Ronaldo Santos


Vivendo num planeta sem juízo
Que de repente pode acabar
Melhor criar paraíso

Cada minuto é tão importante
O tal futuro fica logo ali
O homem tem que amar seu semelhante
Aqui; aqui

Não é preciso morrer de fome ou de tédio
A gente nasce sabendo de cor o remédio
Quem não se cuida cai nos venenos do mundo
E deixa tudo, tudo do jeito que está
Seres luminosos brilham mais
Aonde é preciso de luz
A cada nova era aqui na terra a coisa se reproduz
São adoráveis criaturas surgindo do inesperado
Deixando esse louco planeta
Inteiramente mudado.

Alceu Valença


Deusa da noite
Sangrenta e fria
Irmã da lua
Mulher da noite e do dia
Eu vim de longe
Atrás da brisa
Com sete pedras
Bordei a minha camisa
Pra ver a doida das lantejoulas
Dos lábios verdes de purpurina
Dançar na noite nos Quatro Cantos
Com seu vestido de bailarina
Fazer o riso, tremer o medo
Fazer o medo, virar sorriso
Fazer da noite dos Quatro Cantos
Um dia branco feito domingo

 

Wilson Batista/Henrique de Almeida

 

Louco, pelas ruas ele andava
O coitado chorava
Transformou-se até num vagabundo
Louco, para ele a vida não valia nada
Para ele a mulher amada
Era seu mundo

Louco, pelas ruas ele andava
O coitado chorava
Transformou-se até num vagabundo
Louco, para ele a vida não valia nada
Para ele a mulher amada
Era seu mundo

Conselhos eu lhe dei
Para ele se esquecer
Aquele falso amor
Ele se convenceu
Que ela nunca mereceu
Nem reparou
Sua grande dor
Que louco!

Louco, pelas ruas ele andava
O coitado chorava
Transformou-se até num vagabundo
Louco, para ele a vida não valia nada
Para ele a mulher amada
Era seu mundo
Conselhos eu lhe dei
Para ele se esquecer
Aquele falso amor
Ele se convenceu
Que ela nunca mereceu
Nem reparou
Sua grande dor
Que louco!

Belchior / Toquinho

  

Era um cidadão comum como esses que se vê na rua
Falava de negócios, ria, via show de mulher nua
Vivia o dia e não o sol, a noite e não a lua
Acordava sempre cedo (era um passarinho urbano)
Embarcava no metrô, o nosso metropolitano...
Era um homem de bons modos:
"Com licença; - Foi engano"
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que caminha para a morte pensando em vencer na vida
Era feito aquela gente honesta, boa e comovida
Que tem no fim da tarde a sensação
Da missão cumprida
Acreditava em Deus e em outras coisas invisíveis
Dizia sempre sim aos seus senhores infalíveis
Pois é; tendo dinheiro não há coisas impossíveis
Mas o anjo do Senhor (de quem nos fala o Livro Santo)
Desceu do céu pra uma cerveja, junto dele, no seu canto
E a morte o carregou, feito um pacote, no seu manto
Que a terra lhe seja leve

 

João Bosco / Waly Salomão

 

Eu já esqueci você
Tento crer
Nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
Sugo sempre
Busco sempre
A sonhar em vão
Cor vermelha carne da sua boca, coração
Eu já esqueci você, tento crer
Seu nome, sua cara, seu jeito, seu odor
Sua casa, sua cama
Sua carne, seu suor
Eu pertenço a raça da pedra dura
Quando enfim juro que esqueci
Quem se lembra de você em mim
Em mim
Não sou eu sofro e sei
Não sou eu finjo que não sei, não sou eu
Sonho bocas que murmuram
Tranço em pernas que procuram enfim
Não sou eu sofro e sei
Quem se lembra de você em mim
Eu sei, eu sei
Bate é na memória da minha pele
Bate é no sangue que bombeia
Na minha veia
Bate é no champanhe que borbulhava
Na sua taça e que borbulha agora na taça da minha cabeça
Eu já esqueci você, tento crer
Nesses lábios que meus lábios sugam de prazer
Sugo sempre
Busco sempre a sonhar em vão
Cor vermelha, carne da sua boca, coração

León Gieco


Los viejos amores que no están

La ilusión de los que perdieron
Todas las promesas que se van
y los que en cualquier guerra se cayeron

Todo está guardado en la memoria
Sueño de la vida y de la historia

El engaño y la complicidad
de los genocidas que están sueltos
El indulto y el Punto Final
a las bestias de aquel infierno

Todo está guardado en la memoria
Sueño de la vida y de la historia

La memoria despierta para herir
a los pueblos dormidos
que no la dejan vivir
libre como el viento

Los desaparecidos que se buscan
con el color de sus nacimientos
El hambre y la abundancia que se juntan
El maltrato con su mal recuerdo

Todo está clavado en la memoria
Espina de la vida y de la historia

Dos mil comerían por un año
con lo que cuesta un minuto militar
Cuántos dejarían de ser esclavos
por el precio de una bomba al mar

Todo está clavado en la memoria
Espina de la vida y de la historia

La memoria pincha hasta sangrar
a los pueblos que la amarran
y no la dejan andar
libre como el viento

Todos los muertos de la AMIA
y los de la Embajada de Israel
El poder secreto de las armas
La justicia que mira y no ve

Todo está escondido en la memoria
Refugio de la vida y de la historia

Fue cuando se callaron las iglesias
fue cuando el fútbol se lo comió todo
que los padres palotinos y Angelelli
dejaron su sangre en el lodo

Todo está escondido en la memoria
Refugio de la vida y de la historia

La memoria estalla hasta vencer
a los pueblos que la aplastan
y no la dejan ser
libre como el viento

La bala a Chico Mendez en Brasil
150 mil guatemaltecos
los mineros que enfrentan al fusil
represión estudiantil en México

Todo está cargado en la memoria
Arma de la vida y de la historia

América con almas destruidas
Los chicos que mata el escuadrón
Suplicio de Mugica por las villas
Dignidad de Rodolfo Walsh

Todo está cargado en la memoria
Arma de la vida y de la historia

La memoria apunta hasta matar
a los pueblos que la callan
y no la dejan volar
libre como el viento

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