Milton Nascimento
No sertão da minha terra,
fazenda é o camarada que ao chão se deu
Fez a obrigação com força,
Fez a obrigação com força,
parece até que tudo aquilo ali é seu
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho,
Só poder sentar no morro e ver tudo verdinho,
lindo a crescer
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada
Orgulhoso camarada, de viola em vez de enxada
Filho do branco e do preto,
correndo pela estrada atrás de passarinho
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos,
Pela plantação adentro, crescendo os dois meninos,
sempre pequeninos
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha,
Peixe bom dá no riacho de água tão limpinha,
dá pro fundo ver
Orgulhoso camarada, conta histórias prá moçada
Orgulhoso camarada, conta histórias prá moçada
Filho do senhor vai embora,
tempo de estudos na cidade grande
Parte, tem os olhos tristes,
Parte, tem os olhos tristes,
deixando o companheiro na estação distante
Não esqueça, amigo, eu vou voltar,
Não esqueça, amigo, eu vou voltar,
some longe o trenzinho ao deus-dará
Quando volta já é outro, trouxe até sinhá mocinha prá apresentar
Linda como a luz da lua
Linda como a luz da lua
que em lugar nenhum rebrilha como lá
Já tem nome de doutor,
Já tem nome de doutor,
e agora na fazenda é quem vai mandar
E seu velho camarada,
E seu velho camarada,
já não brinca, mas trabalha.
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